sexta-feira, 11 de junho de 2010
UM JOGO EM QUE O PROBLEMA É A BOLA
Alguns jogadores reclamam da bola ao ponto de fazer ousadas metáforas. Outros a defendem ao ponto de cometer ousados gestos de amor. A resultante talvez seja jogar sem este controverso objeto circular. Há uma nova bola. Feita obedecendo os parâmetros estabelecidos de massa, volume, diâmetro. No entanto, somos informados, levou-se em conta o efeito da altitude no desempenho da bola. O negócio é o negócio. A bola é de uma certa marca. Há seleções que têm contrato com outra marca e, ainda, há jogadores que têm contrato particular com uma terceira marca - contrato de uso de chuteiras, caneleiras, se bobear até cueca. A seleção brasileira tem um contrato com marca adversária à da bola. Portanto, o choro ficou livre. Fosse o patrocínio o mesmo da empresa que fez a bola, certamente a patroa CBF ordenaria silêncio aos jogadores. Eles obedecem à ordem de silêncio sem choro nem vela. Felipe Melo, por exemplo, compara a bola à mulher de malandro, que tem de saber apanhar com malícia. Disse que a nova bola é uma patricinha que não gosta de apanhar. Já Kaká, que tem contrato com a mesma marca da bola, exibe-a e, amorosamente, beija-a. Negócio é negócio. Aquela velha história do verso de Bandeira, os cavalões comendo e os cavalinhos correndo. Embora neste negócio os cavalinhos são também cavalões e os únicos que correm por fora somos nós, amadores, menos que cavalinhos. No frigir dos ovos, nesse esporte globalizado ser amador é uma forma de não ser sequer cavalinho, mas definitivamente burro.
quarta-feira, 2 de junho de 2010
PÁTRIA AMADA DE CHUTEIRAS
Dunga, o patriota bem remunerado, vem a público exigir dos torcedores comprometimento com seu time de futebol, em verdade o time de seu patrão, Ricardo Teixeira, homem indiciado em 7 crimes financeiros. O Brasil só é de quem tem o poder? Se sou brasileiro devo torcer pelo time do Dunga, do Ricardo Teixeira. É a atitude única que esses profissionais do patriotismo exigem dos brasileiros. Alguém já disse, e disse-o bem, que o patriotismo é a última trincheira dos canalhas. Se eu gosto de futebol e pretendo usar meu tempo acompanhando alguns jogos da Copa do Mundo, faço-o da maneira que eu quiser. O que parece óbvio, no Brasil não é. Se torço ou não é um assunto que me cabe. Ninguém tem nada a ver com isso. E se torço, assim o faço porque decidi e ninguém o fez por mim. Se gosto de futebol é meu direito, talvez dever, torcer pelo time que mais me agrade. É um jogo de profissionais muito bem remunerados e a minha torcida é amadora. Se gosto de basquete posso torcer pelos Lakers, ou pelos Celtics, independente de serem americanos, são antes exímios jogadores de uma modalidade esportiva. Ricardo Teixeira chama quem ele quiser para ser técnico de seu time, pelas razões que ele quiser. O indistinto público não é consultado. Dunga convoca sua seleção como melhor lhe der na veneta, tem todo direito a suas idiossincrasias. A decisão é dele, o público não é ouvido. No entanto, devo perfilar-me ante esses milionários fantasiados de patriotas porque assim acham que é meu dever como brasileiro. Só falta um Mussolini de circo subir ao picadeiro com sua bufonaria bravateira exigir o retumbante brado de Brasil-ill-ill na hora do gol de quem o Dunga escolheu para ser o seu artilheiro. Minha torcida já decidi: torço pelo time que proporcionar o que, de fato, o futebol de melhor pode oferecer. Pelo andar da carruagem, difícil que seja o time do Dunga.
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